terça-feira, 22 de março de 2011

Soneto da Revelação



Sepulcros abertos, tumbas violadas,
Angústias e dores, vozes veladas,
Sôfregas lágrimas, mortes, horrores,
Calafrios, feridas, doenças, terrores...

Anjos das trevas, criaturas aladas,
Suspiro ofegante – bocas caladas;
Sem teto, sem chão, na Terra tremores...
Céu sem arco-íris – mundo sem cores...

Sombras na noite, gemido estridente,
Pedidos, clemências, rezas profanas,
Revolta  com ódio de almas levianas;

Chuva de sangue, pecado latente,
Rostos sofridos, corações atrozes...
Fuga da alma – sentimentos algozes.

O tempo



Tempo passa, passa tempo, passa dia, passa hora
Bem depressa, vem chegando, eu preciso ir embora
Uma hora, um minuto, um segundo, não demora
Tempo passa, passa ontem, passa hoje, passa agora
Vou correndo, vou depressa, vou chegar em um minuto
Já me canso, ando manso, eu descanso, que alegria!
Passa tempo
Passa temp...
Passa tem...
Passa te...
Passa t...
Passa...

Futuro incerto



A morte, minha eterna companheira,
É a única razão pela qual vivo,
Pois não tenho nenhum outro motivo
Para querer viver a vida inteira.

A cada dia novo que amanhece
Meu corpo se entristece e padece.
Os vermes, os vírus e as doenças
Unem-se para dar minha sentença.

E, no futuro, dormirei selado
Em um caixão – minha eterna prisão –
com meus ossos sem as vestes da pele,
e meu corpo desnudo de emoção.

Não penso ser a morte um sofrimento
Para aqueles que ficam ou que vão.
A morte é  na vida um momento
De incerteza – pura ilusão.

sábado, 19 de março de 2011

Menino Pobre



Ontem eu vi um menino
Sozinho, deitado na rua;
A sua única companhia
Eram a noite, as estrelas e a lua.

As nuvens, aos poucos se uniram;
No céu, um rugido latente
Anunciou a chuva atroz
Que encharcou o menino doente.

O menino sequer acordou,
Não correu, não gritou, não gemeu,
A enxurrada o menino levou
E ninguém na rua percebeu.

O menino não tem pai, nem mãe,
Ele é filho meu, filho seu.
A noite chorou tristemente
Porque o pobre menino morreu.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Oração da Clemência Divina



Senhor venho humildemente pedir
Que suas bênçãos toquem meu coração
Que eu possa perdoar o meu irmão
Que humanamente veio a me agredir.

Senhor, que o alimento deste dia
Possa estar repleto em minha mesa
Para que eu possa, com certeza
Reparti-lo a todos, com alegria.

Pai, peço-Lhe o  bom discernimento
Para que eu possa, sem tormento
Escolher o meu caminho corretamente.

E peço, Pai, se meu fardo pesado for
Que o Senhor me cubra com Seu amor,
Para que minha cruz eu possa carregar.

Amor Proibido



Sussurros... dois jovens apaixonados;
Delírios de um amor impossível...
Um beijo, que se torna inesquecível,
O choro manifesta-se, incontrolável.

Um pequeno momento (a sós): eternidade...
Permite ao sofrimento intolerável
Tornar o raro momento adorável
Em um instante de cumplicidade.

De que adianta uma vida inteira?
Por que viver se não posso tocá-la?
Mas vivo, por essa paixão matreira,
Que me permite ao menos adorá-la.

À noite, quando todos adormecem,
A luz da lua, nos abençoando
Nossos corações se esquecem
Do tormento pelo qual estamos passando.

Assim, vamos vivendo nossas vidas,
Repletas de sofrimento e de alegrias,
Vivendo distante,unidos pela mesma dor...
vivendo juntos, unidos pelo mesmo amor.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Soneto pela Paz Mundial




Sinto a mesma dor que muitas mães sentem
Ao ver que seus filhos estão chorando,
Pois em muitas guerras estão matando
Inocentes, pela ira dos que mentem.

Choro como um órfão, que seu pai perdeu
Ou como um filho que está desolado;
Como uma esposa que não tem ao lado
O seu marido, que na guerra morreu.

A justiça com a morte não se faz,
Derramando sangue por toda parte,
Deixando a cada um a sua própria sorte;

Desejo aos meus irmãos, de todo o mundo,
Com meu sentimento de amor profundo
Que os seres humanos vivam em PAZ.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Soneto da Solidão





Meu peito se cala de sofrimento;
Minha vida não tem nenhum sentido.
Por mais amor que eu já tenha vivido
Essa paixão tornou-se meu tormento.

Se eu soubesse que esse mau sentimento
Tornaria minha vida tão sofrida,
Não deixaria essa paixão tão contida
Deixar meu coração sem batimento.

Como minha vida não tem destino,
Eu caminho, andando, tão peregrino
Como os ciganos que estão de passagem.

Sigo sozinho, nessa eterna viagem
Esperando te ver como miragem
Nesse deserto, onde eu me desatino.

terça-feira, 8 de março de 2011

O relógio

                                                      TIC
                                              TAC   O      TAC
                                       TIC           T               TIC
                              TAC                   E                     TAC
                       TIC                           M                           TIC
                 TAC                                P                                TAC
                      TIC                        C O RRE, VOA...            TIC
                          TAC                                              TAC
                                TIC                                     TIC
                                     TAC                         TAC
                                            TIC              TIC
                                                    TAC

Mulher



Mães de todos os homens do mundo,
Ungem seus filhos com amor profundo.
Lutadoras pela causa da igualdade,
Honram seus direitos alcançados.
Esperam, com paciência e tranquilidade
Respeito ao seu dia dedicado.

domingo, 6 de março de 2011

Reminiscências Astrais


Nos campos de verdes arvoredos
Outrora visão primaveril
Se enxerga o tom vivo rubro
Ao final do mês de Outubro.
Cernunnos, antes viril jovem
Agora no círculo estava
rodeado de seu sangue puro
pois uma adaga em seu peito ele próprio enfiara.
O mundo tomou-se vazio,
O sol escondeu-se do dia.
Ao longe, uma moça olhava:
o Consorte da Deusa morria.
Seis meses longos se passaram
E no início de Beltain
Um novo Cornudo nascia
do ventre da Deusa no além.
O Sol voltou a brilhar,
A Terra esbanjava fartura,
A Deusa voltou a sorrir
e o Deus renasceu com bravura.

Calmaria



A flor da verbena
Tem nas pétalas o orvalho
De uma noite serena.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Soneto da Declaração


Eu te amo, e por isso estou triste;
Por que meu coração está vagando
Assim, eu fico triste, lamentando,
Porque será que esse amor persiste?

Esse amor, que em minha vida insiste
A fechar os caminhos por onde ando,
Me traz angústia e dor, mas vou levando
Essa minha sina, que não desiste.

E, quando penso que a cura está próxima,
Que finalmente esse amor vai perecer,
Transformo-me na minha própria vítima;

Peço a Deus, que Ele tenha piedade,
Que eu quero, com toda sinceridade,
Uma chance, para ao seu lado viver.