sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um conto de Natal - O alfaiate, o ourives e o hospedeiro


Antes do nascimento do filho de Deus, três homens da cidade de Belém foram avisados, por meio de um sonho, do nascimento do menino Jesus. Cada um deles tinha uma profissão diferente: o primeiro era ourives, e um dos melhores da região. Artesanalmente, construía com barras de ouro qualquer jóia que se imaginava desejar; o segundo era alfaiate, e fazia roupas tão belas que todos os nobres o procuravam para confeccionar belíssimos trajes; o terceiro era um hospedeiro, dono de uma simples estalagem, que há tempos não vinha dando lucro ao pobre homem. Faltando poucos dias da data tão esperada, os três estavam sentados na mesa da estalagem vazia, discutindo o que cada um daria de presente ao novo Rei, filho de Deus, que estava para nascer:
“Já sei o que darei” - disse o primeiro - “como o menino será o Rei dos reis, darei a ele a maior coroa que existirá repleta de pedras preciosas, e que, de longe, mostrará a majestade imponente que ele será.
“Eu também já sei o que darei” – disse o segundo – “procurarei os mais belos e finos tecidos e coserei sem parar, para que a nova majestade seja envolta em um luxuoso traje, e possa mostrar a sua grandeza diante dos demais reis”.
O terceiro, sem saber o que dar ao novo rei, calou-se diante dos colegas. Ao anoitecer, o hospedeiro ajoelhou-se próximo a cama, fechou os olhos e disse a Deus:
“Senhor, peço que me perdoe por nada poder dar a seu filho. Como o Senhor mesmo sabe, minha estalagem há tempos está vazia, e não consigo ao menos dar de comer à minha família e pagar os meus impostos. Queria muito dar um presente à altura para o menino rei, mas não tenho dinheiro para dar um belo traje cosido em finos tecidos e, tampouco, para dar uma coroa de ouro”
Aborrecido pela situação que vivia, o simples homem adormeceu tristemente.
Passadas algumas semanas, na véspera do nascimento do menino Jesus, a estalagem encontrava-se repleta de hóspedes. O pobre homem alegrou-se, mas rapidamente se entristeceu, ao lembrar que seria no dia seguinte o nascimento do menino, e não daria tempo de dar-lhe um digno presente.
Ao anoitecer, quando todos já estavam em suas camas, três batidas fortes na porta fizeram com que o humilde homem a atendesse. Era um jovem rapaz, com vestes simples e aparência cansada, procurando um local para ele e sua esposa que, grávida, provavelmente daria a luz a uma criança. Rapidamente, o hospedeiro enxugou uma única lágrima de satisfação e, como não tinha mais espaço em sua estalagem, guiou o jovem casal até um humilde estábulo, onde Maria, a mãe de Jesus, deu vida ao Rei dos reis.
Deus não espera que entreguemos as riquezas materiais acumuladas ao longo da vida, mas sim que nossas simples atitudes, como a do hospedeiro, deixem seu filho Jesus entrar em nossas vidas. Mesmo que nossas vidas estejam repletas de hóspedes e não caiba mais nenhum, deixe, ao menos, um espaço em seu coração para que Jesus possa ser hospedado.